segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

32 semanas... hora de pensar no parto

Sim... parece muito cedo para alguns (e já muito tarde para outros), mas é uma hora boa pra se começar a pensar no parto, se a gestante está com a saúde e os exames todos em dia, a gestação vai de vento em popa e tudo colabora pra gravidez ser levada a termo (quando o bebê nasce nos 9 meses e não prematuro).

Procurar informações a respeito, ler muito, conversar com amigas que já foram mães, com a(o) médica(o), visitar maternidades e pensar com seriedade que tipo de parto a gestante quer. Não é uma escolha fácil e sem percalços, já que no Brasil a cultura da rede de saúde privada preconiza a cirurgia cesariana em mais de 80% dos casos (contra um número bem menor na rede pública) e as gestantes são levadas a acreditar que a cesárea é realmente o melhor caminho (mais rápido, prático e indolor) de se dar à luz um filho. Pééééééé... ERRADO!
Após os anos 60, quando as anestesias usadas no parto cesáreo evoluíram a ponto de ficar muito mais confiáveis, com quase nenhum efeito colateral, os médicos e as gestantes passaram a preferir o parto agendado por meio da cirurgia cesárea. É mais prático para o médico, que não precisa ficar o tempo todo a disposição de uma mulher em trabalho de parto (por algumas vezes, mais de 12 horas seguidas), tendo sua agenda livre para outros compromissos, recebe um valor maior dos convênios (quando em parto normal o valor chega a menos da metade) e não corre o risco (no caso de um médico sem muita experiência) de algo errado ocorrer durante um parto normal; e também é mais prático (se podemos falar assim) para os pais, que já sabem a data que o filho vai "nascer" (ou ser retirado do útero), já se preparam de antemão e é só chegar ao hospital na data e hora marcados, cortar a pança e pum! seu filho está aí.
Mas se levarmos em conta os prós e contras, o parto normal ganha disparado do cesáreo. A começar pelo fato de que todas as mulheres, naturalmente, nasceram para parir um filho naturalmente, por via vaginal, o corpo se modifica para isso, para ter as contrações, para dilatar o colo do útero, para abrir-se e dar à luz um bebê, como todo outro bicho, na hora da expulsão. Outra: existe melhor data para um bebê nascer do que quando seu corpinho está pronto pra vir a esse mundo? Quando os pulmões já estão formados, ele já atingiu o tamanho aproximado e tem toda chance de sobreviver bem nesse mundo aqui fora?
Depois de um parto normal, o corpo da mulher se recupera mais rapidamente, facilitando assim que ela esteja disposta para cuidar do neonato. A fisiologia como um todo entende que aquela situação passou e o corpo começa a voltar ao seu normal de antes da gestação. Não há cortes (ou se houver, são mínimos, como na episiotomia) e todo o pós-parto fica mais fácil. No caso do bebê, há menos risco de ele não estar totalmente pronto para o nascimento, a expulsão de forma natural promove uma massagem nos seus órgãos internos, o que serve para a limpeza dos mesmos (sistema excretor e respiratório), etc.
Claro que há situações que impedem um parto normal, onde a cesárea é indicada para resgardar a saúde da mãe e do bebê, como em casos de alterações na pressão sanguínea da gestante, gestante diabética, descolamento prematuro de placenta, problemas de dilatação no canal de parto (o corpo humano também tem suas falhas, né?!), mal posicionamento do bebê para o nascimento (já li sobre nascimento natural de bebês em posição pélvica, isso é, sentados), gestante portadora de HIV, sensibilização do feto pelo fator RH, etc. Mas são a minoria, cerca de 3% a 4% dos casos. O restante das mulheres poderia ter um parto normal perfeitamente.
Transformar gratuitamente (isto é, sem indicações precisas) um ato fisiológico, o parto normal, em ato operatório, parto cirúrgico, traz muitas desvantagens para a mulher. Entre elas destacamos a possibilidade da chamada infecção puerperal ou pós-parto, 30 a 40 vezes maior numa cesariana que no parto normal.
A informação de que se tem que o parto normal demora muito e causa dores é relativa. Algumas mulheres passam 12 horas em trabalho de parto (estamos aqui considerando o início das contrações, e não o trabalho de parto propriamente dito, que inicia quando as contrações são mais fortes – as de expulsão, realmente – e a mulher tem, ao menos, 4 cm de dilatação), outras dão à luz facilmente em menos de 1 hora. E para as dores das contrações existem hoje também anestésicos locais, partos na água, salas de parto especiais onde é possível utilizar-se de bolas de pilates, a presença de uma doula para ajudar emocionalmente a mãe, etc. (sobre o que é uma doula, leia aqui).
Eu e Isadora vamos tentar o parto normal até onde pudermos... Ela já está virada na posição correta com 32 semanas, bem ativa, a mãe bem de saúde e com todos os exames em dia. E pra isso papai também já está com a bandeira na mão e nossa gineco devidamente combinada. Se preciso for, vamos também atrás de uma doula, pra pegar na orelha do pessoal na sala de parto e não deixarem me levar a uma cesariana desnecessária ;D
Portanto, mamães, pensem muito bem no tipo de parto que querem.
Para ter mais informações:
- Mulheres grávidas - Tipos de partos (muito mais do que parto normal...)

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